Um fenômeno anômalo que acontece com o movimento das pessoas
com deficiência é o fato desse movimento delegar a sua retorica, de forma majoritária,
a pessoas sem deficiência. Algo no mínimo contraditório não acham? Vejamos, os
grupos de afirmação dos direitos de grupos minoritários surgem no pós II
Guerra, e ganham maior expressão nos anos 70, nos E.U.A, e 80 no Brasil, para
legitima a fala desses segmentos. De forma que, a grosso modo quem fala pelo
movimento negro é um negro. Obviamente há brancos que defendem as questões do
negro e até assume papel de destaque nesse movimento. Toda via, os negro, como
também, o movimento feministas, GLBT.. enfim , de um modo geral o que confere
legitimidade a esses movimentos é a capacidade de trazer a público as demandas
sociais, existenciais , através das falas dos indivíduos pertencentes a tais
movimentos.
No caso das pessoas com deficiência a fala que prevalece dificilmente
é das pessoas que tem deficiência. Há uma delegação tasca dessa retorica por
outros atores, que assume um
protagonismo incoerente. Claro que eu , branquelo que sou , posso e devo
defender os direitos dos negros, é
salutar que haja essa interação ideológica. Toda via , é sempre esse homem
negro e essa mulher negra, os personagens a assenta-se na cabeceira da mesa
quando o assunto a ser tratado for pertinente a afirmação da cidadania dos
negros na sociedade. De outra forma , esses individuo exerceria uma ‘subcidadania’,
condicionada ao dizer do outro.
É justamente esse cenário que percebo no movimento das
pessoas com deficiência. Há claramente uma submissão da fala desse personagem
dentro da configuração política de um movimento que deveria ter como
protagonista as pessoas com deficiência. No entanto o paternalismo
institucional ainda vigora. A pergunta que impõe nesse cenário é uma só: como
advogar a cidadania de um segmento social se aqueles que a advoga não a pratica?
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