Projeto jornalístico apresenta novas perspectivas de comunicação e interatividade para pessoa com deficiência
A série de reportagens ‘repórter sobre rodas’, projeto realizado pelo jornalista Fabio Fernandes, no período de 2019
e 2020, é uma experiência de ampliação das possibilidades da presença da pessoa com
deficiência no contexto da comunicação social e na perspectiva de representação
desse segmento social no ambiente da mídia. A série de reportagens- produzidas
, dirigidas e apresentadas pelo jornalista Fabio Fernandes , para a
Secretaria municipal da pessoa com deficiência e tecnologia do Rio de Janeiro
abri uma nova janela de interatividade entre o individuo com necessidade especiais
na esfera social do nosso país, como
alguém com potencial de comunicar, de falar, a partir das suas próprias
experiencias. Vale apena registrar que o jornalista Fabio Fernandes, que
apresenta um quadro grave de paralisia cerebral, sem oralidade, já vinha
produzindo um programa de entrevista ’papo cabeça com pé’ que já procurava estimular o protagonismo do ponto de
fala da pessoa com deficiência grave.
O projeto ‘Repórter sobre rodas’ consiste
na produção de matérias, produzidas em vídeos e veiculada no canal do
youtube da Secretaria municipal da pessoa com deficiência e tecnologia. O
conteúdo das pautas é concebido a partir das experiencias vivenciadas por
pessoas com deficiência, seus familiares e funcionários do Centro Municipal de
Referência da Pessoa com Deficiência, localizado em Campo Grande. Esse aspecto
já sustentaria o projeto Repórter sobre rodas como produto de
relevância no campo da comunicação institucional , governamental . que deve se alimentar
da pluralidade da diversidade de abordagem. Mas há, para além dessa
importância, que o repórter sobre rodas, traz em si, há um elemento que
sedimenta ainda mais o aspecto inovador. A narrativa das reportagens avança
para um novo sentido , como já dizemos antes, o jornalista Fabio Fernandes,
apresenta um quadro de deficiência neurológica grave , e por isso não
possui oralidade, isso impõe uma evidente limitação na execução de qualquer
conteúdo midiático , sobretudo em vídeo , ambiente onde a narrativa oral do
repórter assumi um valor imperativo , de assinatura. Quando não se tem esse
carimbo da fala do repórter é preciso se recriar elementos, formas, conexões ,
para que esse repórter conte a história , narre os fatos de sua reportagem , e
é esse o grande ‘pulo do gato’ no caso do repórter sobre rodas.
Como é ser um repórter que não fala?
‘Quando eu comecei a trabalhar, como repórter da então secretaria extraordinária de comunicação da prefeitura do rio, eu jamais imaginava em está à frente de uma câmera, eu me garantia no texto, ali era ‘meu lugar’ , o meu campo de fala até então, estava bem definido entre o lide e o pé do meu texto . toda via, o que houvera me feito optar pelo jornalismo tinha sido, justamente, o fato do jornalismo ser uma profissão em que as regras existem para serem quebradas. E de certa forma, quando eu ia fazer uma matéria de rua, eu estava batendo a minha cota de ‘jornalista revolucionário’. Mas, a minha voz continuava escondida entre as letras do meu texto .
Com o surgimento do youtube, eu comecei a experimentar a linguagem da
edição de vídeo. Mas, nem em sonho me achava capaz de construir uma
narrativa jornalística em vídeo.
Felizmente eu estava enganado, graças a Deus, esse engano me permitiu abrir uma
janela para despertar um novo momento da minha vida profissional que me
faz saltar sobre as minhas certezas , para ir ver onde o meu oficio de
jornalista pode me levar.
É fundamental se entender essa série de reportagens que formam o projeto
‘repórter sobre rodas’ como um experimento jornalístico que insere novas formas
de se está presente no campo da interatividade comunicacional. Acredito que
é sim , tarefa de profissionais da comunicação social alargar as possibilidades
de fala de segmentos desfavorecidos socialmente. Este é, na minha percepção , o
real legado de experimentos como o do repórter sobre rodas.
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