A primeira consideração que quero fazer para esse nosso papo,
é que fala que trago, para esse encontro
é antipática, porem afetuosa. Trata-se
de uma reflexão sobre a ‘inclusão’. Sobretudo, em um tempo em que a retorica
inclusiva domina as falas de grande parte da sociedade, como um termo sagrado
ou uma palavra de ordem, que as pessoas repetem sem saber ao certo sobre o que
estão falando. De um modo geral percebe-se que hoje a palavra ‘inclusão’ foi posta em um altar
por muitos de nós,
Como algo que não precise ser compreendido e debatido...
Como se nós ’mestres da inclusão’ tivéssemos todas as respostas sobre este
processo. Esse, me parece ser o maior engano que estamos cometendo. Pois, como
qualquer outro processo social, a inclusão das pessoas com deferência precisa
ser transformada , ‘ tomar um solzinho’, e se renovar. O que lamento dizer ,
não acontece há muito tempo.
A Embora eu saiba que boa parte dos presentes já estejam
preste a me xingar, gostaria de pedir que me ouçam com um pouco mais de paciência. É obvio que o
processo inclusivo trouxe enormes avanços para toda a sociedade, é evidente que
a visão que a sociedade tem a respeito das pessoas que apresentam ‘CERTOS
TIPOS’ de deficiência mudou e vem mudando nos últimos anos. É fato que hoje
existem um numero cada vez maior de alunos com necessidades especiais em turmas regulares. -Uéh, então esse ‘PC’ está
reclamando de que?- Você deve esta se perguntando .
É justamente por
saber de todas essas conquistas é que eu preciso te convidar para tentássemos ter uma percepção mais ampla
sobre o que é, hoje, o processo de reconhecimento das pessoas com deficiência,
como agente ativo na sociedade brasileira . É por isso que a gente não pode
trancafiar esse assunto nas nossas certezas, naquilo eu acho que é inclusão.
Um dos significados do
verbo ‘incluir’ é ‘colocar algo que está fora para dentro’ . De modo
que, se eu incluir uma pedra num copo d’água , o máximo que pode acontecer são
algumas gotas caírem, outras serem realocadas e pronto. Nenhuma outra mudança
acontece . eu não mudo a forma e , sobre
tudo o cenário. A pedra, por sua vez ,
em geral, fica no fundo do copo, sem incomodar ninguém.
A cidadania substancia de uma inclusão real
Diante dessa metáfora
barata, de 1,99, a pergunta é: será que estamos reproduzindo uma inclusão que
está apenas colocando ‘Pedras nos
fundo de copos d’água?’ Ou seja, que insere individuo com deficiência nas
escolas, no mercado de trabalho sem nos
preocupar em contextualizar a cidadania desse individuo nesse ambiente?
Quando compreendemos o processo de reconhecimento da pessoa
com deficiência como sujeito de direitos e deveres , ou seja, quando a gente
eleva essa inclusão ao patamar de um processo de reconhecimento da cidadania
desse individuo , quando tornamos esse processo em algo que mude esse quadro de
aniquilação da possibilidade de aproximadamente 24 milhões de pessoas que
precisam ser incluídas , não como pedras, corpos imóveis em um meio indiferente a elas , mas sim ,
como pessoas , cidadãos ativos na sociedade brasileira. Ai sim, estamos
realizando algo concreto e não apenas midiático , como infelizmente é a
inclusão hoje.
Em outras palavras: enquanto a sociedade não compreender o reconhecimento da cidadania das
pessoas com deficiência como um assunto que de impõe um comprometimento ético , moral de todos nós, enquanto a gente
não achar IMORAL um Estado que não dar as mínimas condições para alguém que
esteja numa cadeira de rodas, ou faça uso de muletas, ir e vim no espaço
urbano, enquanto a gente não ficar eticamente incomodados em saber que certas
empresas empregam funcionários com deficiência, apenas de forma formal, para cumprir
a famosa cota de 10%¨. Enquanto esses e muitos outros absurdos continuarem
sendo aceitos por eu e você, lamento informar que vamos continuar, comodamente, incluindo
‘Pedras em copos d’águas.’ será que é isso que queremos?
0 Comentários