Projeto incentiva uso da Língua Brasileira de Sinais nas escolas do Rio


Para garantir um atendimento educacional especializado para os alunos surdos, a Prefeitura do Rio criou, em 2012, o projeto Escolas-Piloto de Educação Bilíngue. Desenvolvido pelo Instituto Municipal Helena Antipoff (IHA), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Educação, o programa funciona em 21 escolas da rede municipal. Atualmente, fazem parte do projeto 767 alunos que apresentam algum nível de surdez, 35 deles totalmente surdos.
 As escolas bilíngues contam com professores com deficiência auditiva e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para atuar em salas de aula com alunos surdos. Mais do que facilitar a comunicação, a Libras é o instrumento de identidade das pessoas com deficiência auditiva, oficializada em 2002 como a língua mãe de cerca de 5,7 milhões de brasileiros que, segundo o censo de 2000, apresentam algum nível de surdez. Em 2013, quando o programa completa um ano, mais duas escolas da rede devem se tornar bilíngues, com o uso da Libras.
Há um ano estudando numa classe regular na Escola Municipal Benjamin Franklin, em Campo Grande, Jorge Ramos Dias, 14 anos, é um dos alunos atendido pelo programa. Segundo ele, a presença da intérprete em sala de aula tem sido fundamental para acelerar o aprendizado:
- Agora está sendo mais fácil, estou compreendendo melhor os textos e lendo com mais facilidade. Até mesmo em relação às ordens da professora, que antes eu não entendia. Antes eu só copiava, agora eu entendo. 
De acordo com a diretora do Instituto Municipal Helena Antipoff, Kátia Nunes, a Escola Bilíngue vem ao encontro da política de educação para surdos vigente na rede municipal de ensino, que tem o objetivo de favorecer a aprendizagem dos alunos com surdez, garantindo o acesso de todos ao currículo regular.
- O projeto proporciona um ganho na aquisição do conhecimento por parte dos alunos surdos. O contato com os intérpretes e instrutores tem oferecido um aprofundamento no desempenho linguístico. O retorno das escolas que fazem parte do programa demonstra que os alunos com deficiência auditiva têm apresentado ganhos em relação à aprendizagem e à autoestima – explica a diretora, acrescentando que o contato com profissionais surdos amplia os horizontes dos alunos e de seus familiares. 
A abordagem educacional das unidades é realizada por meio do bilinguismo, visando capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social: a língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte. Para Sonia Cristina Rocha, professora do instituto, o projeto tem a função de ressaltar a importância da presença da linguagem de sinais nas escolas da rede:
- O uso da Libras é importante não apenas como uma forma de facilitar a comunicação do aluno surdo com os outros, mas como um instrumento de afirmação da identidade desse estudante.
O trabalho dos 127 intérpretes e 120 instrutores de Libras da rede municipal de ensino acontece em dois momentos distintos: com o instrutor, que auxilia o aluno na sala de recurso, onde se reforça o conteúdo dado em classe, a partir do uso de métodos mais visuais que possibilitam uma melhoria no processo de aprendizagem; e com o intérprete, elo de comunicação entre o estudante com deficiência auditiva, o professor e o restante da turma em sala de aula.

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