Consenso entre educadores, a inserção socioeducacional de crianças com necessidades especiais deve ocorrer desde a primeira infância. A interatividade entre alunos com e sem deficiência entre zero e 4 anos trazem inúmeros benefícios no desenvolvimento. Pois esse é o objetivo das creches inclusivas, uma iniciativa que integra o programa de Desenvolvimento Global Inclusivo da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Atualmente, o programa atende aos bairros de Campo Grande, na zona Oeste, e Vila Isabel, na zona Norte.
Desembarcamos na terra do poeta Noel Rosa para ver de perto como é realizado o trabalho que nos faz caminhar em direção a uma sociedade inclusiva. A professora Cláudia Lúcia Oliveira de Almeida, supervisora responsável em Vila Isabel, foi a guia da visita:
- As atividades realizadas com os alunos buscam estimular ao máximo a interatividade entre as com e sem necessidades especiais. Para crianças que apresentam algum tipo de deficiência ou atraso em seu desenvolvimento global, são desenvolvidas atividades terapêutica e lúdicas que visam favorecer o desenvolvimento motor, físico e mental - explica a professora – O dia na creche começa às 8h e vai até as 17h. Alunos com deficiência têm o atendimento da equipe de estimulação e recebem, juntamente com as outras crianças, o atendimento pedagógico da nossa equipe – acrescenta.
Atualmente a creche atende 249 crianças , sendo 13 com deficiência e 13 com atraso global no desenvolvimento, e conta com uma equipe formada por agentes educadores , auxiliares de creche, arte educadores, bem como uma psicopedagoga , uma coordenadora e uma gerente de planejamento.
Pedro de Souza, de 2 anos e sete meses , é uma dessas crianças atendidas na creche. Ele nasceu com anemia falciforme, uma doença que atinge o sistema imunológico, mas até hoje não houve manifestação dos sintomas. Sua mãe, no entanto, ressalta que o filho necessita de cuidados especiais. Nesse sentido, a creche cumpre um papel fundamental:
- Nunca vi uma estrutura como essa. Aqui, meu filho tem o pediatra , dentista, nutricionista, que é importante para que ele continue bem. Por mais que ele não tenha uma limitação física e motora, é uma criança que precisa de um cuidado especial, alérgico a picada de mosquito, um simples resfriado pode trazer problemas graves. Aqui há essa proteção – resume Yara Cristina Ferreira de Souza, mãe de Pedro.
Para que os professores estejam sempre atentos às possibilidades dos alunos, passam periodicamente por um processo de capacitação.
- É lógico que é importante ter conhecimento sobre as deficiências, todavia, nosso trabalho foca as eficiências deles – esclarece a professora - Além disso, nossos alunos participam de atividades de recreação , dança, teatro, capoeira e judô, que são desenvolvidas pelo o núcleo de esporte e cultura – enumera Cláudia. O resultado disso é uma interação total entre as crianças.
- O bom convívio acontece em qualquer uma das atividades realizadas em conjunto, o que representa o maior e definitivo aprendizado para as crianças. A convivência é tão natural no dia-a-dia que, muitas vezes, a deficiência passa despercebida. Trabalho aqui desde 1985 e venho constatando diariamente que quando as crianças têm a oportunidade de estar juntas a deficiência passa a ser secundária. O preconceito, na maioria das vezes, é gerado pelo adulto - acredita a professora, que exemplifica: - A cadeira de rodas passa a ser um objeto tão comum que, nas ruas, eles sempre ajudam cadeirantes.
A creche inclusiva, que atende alunos de três meses a 4 anos, funciona dentro da unidade de atendimento da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (Rua Correia de Oliveira, 21). Mais informações, de segunda à sexta-feira, pelo telefone: 2258-1573.
/ Fotos: AF Rodrigues
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