Eu , nesses mais de
20 anos que escrevo para teatro, sempre tive um pé atrás de me auto intitular diretor,
ator, e nem sonhando me dava o direito de dizer ‘professor de teatro‘. Era feito
uma auto barreira que eu me colocava. Muito embora os meus textos sempre vinham
com um manual de direção , de tantas rubricas que coloco, e ate mesmo no
processo de ensaio eu enfiava minha colher na direção, eu tremia na base quando
as pessoas dizia que eu era mais diretor do que autor. De todo modo quando me
atrevi a assumir a oficina teatral inclusiva arte viva eu não notei que me dava
uma espécie de carta de alforria. Como se eu, após tanto tempo de vivencia
teatral, finalmente eu poderia pisar na areia descalço , sem proteção , sem medo.
Nesse processo foi muito importante o apoio do meu irmão Jairo
Santos, foi ele que me fez ‘tirar as rodinhas ‘ da bicicleta e expandi minha expressão
artística durante um processo de mil duvidas. Sera que o que eu estou fazendo é
legitimo? Vai dá certo? Sera que eu tenho embasamento para transmitir algum
conhecimento sobre teatro? Essas perguntas
que rondavam minha consciência. Dentre os muitos vídeos sobre o teatro que
assisti, nesse período há uma entrevista do Augusto Boal em que a gente nem ser
humano é, na verdade a gente está numa ‘pré-humanidade’, e que somente o exercício
da solidariedade poderia , segundo ele, nos elevar dessa ‘pre-humanidade’ e o
teatro poderia ser o veiculo dessa
mudança .
Eu , meio sem saber a
totalidade do sentido dessa frase me agarrei a ela para me permitir soltar o
meu ser numa tarefa que , juro , não me achava capaz de executar. Somente no
dia na apresentação do auto de natal que
fiz com meus alunos especiais , compreendi a essência da frase do Boal . aquela
apresentação era perfeita, apesar dos atores não serem estrelas globais e o
diretor ser tão amador. O que tínhamos produzido era arte, era o exercício do
melhor que somos, sobretudo , para mim, foi um voo sobre o meu exercício de
viver.
Valeu..
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