Prática de bocha adaptada muda a realidade de pessoas com deficiência

Esporte como instrumento de inclusão social e de transformação de realidade de pessoa com necessidades especiais, esse é o tema dessa reportagem que vai nos levar a conhecer o trabalho realizado no Centro de Referência da Pessoa com Deficiência. Unidade da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, órgão  da Prefeitura, que fica em  Santa Cruz, zona oeste da cidade. Entre as atividades terapêutica , de estimulação , recreativas, esportivas e de inclusão social,  que são realizadas  está a bocha adaptada: uma modalidade paraolímpica, criada especialmente para pessoas com graves deficiência neurológica. os treinos  acontecem todos os dias e , conta hoje com cerca de 20, alunos , pessoas com diversas deficiência que , através da pratica desse esporte , são inserida em seu meio social e familiar, e dão uma lição de superação .  
A bocha adaptada consiste em um jogo de aproximação, em que cada competidor dispõe de seis bolas, vermelhas ou azuis. A meta é aproximar o maior número de bolas do alvo - a bola branca - que é arremessado por cada competidor no início de cada set. As bolas podem ser lançadas por qualquer membro da equipe, ou até mesmo com a ajuda de uma ‘calha' (suporte), manuseada por um auxiliar, seguindo as orientações do atleta. A modalidade foi introduzida no Brasil na década de 90 e hoje é uma da mais difundidas em todo o país.
 O esporte é praticado nos Centros de Referências de Campo Grande, Irajá, Santa Cruz e Vila Isabel. A maior parte dos alunos tem paralisia cerebral, e muitos apresentam quadro de tetraplegia espástica. A bocha também é indicada para quem tem Mielomeningocele, Traumatismo Cranioencefálico (TCE) por projétil de arma de fogo (PAF), Poliomielite, Distrofia Muscular Progressiva, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e Lesão Medular.
 Nathália  Layla Rodrigues Barbosa,, 15 anos, há um ano frequenta o Centro de Referência de Santa Cruz, onde pratica bocha adaptada pelo menos três vezes por semana. A jovem, que tem distrofia muscular, diz que os treinos trouxeram muitos benefícios, tanto na parte física como na parte emocional:
 - A prática da bocha adaptada tem me ajudado na questão física, fortalecendo meus músculos dos membros superiores. Além disso, adquiri novos amigos durante o treinamento, e meu lado psicológico está bem melhor também.
 A professora Gilmara Valim - que há três anos trabalha com um grupo de 25 alunos - explica que a prática da bocha não traz benefícios apenas para os possíveis atletas, mas também para quem a usa como recreação. Segundo ela, o aumento da autoestima e da qualidade de vida, além da mudança na rotina dos praticantes, favorece a convivência familiar e social. O trabalho de reabilitação em bocha adaptada pode ser feito em crianças a partir dos cinco anos de idade. Segundo a professora, esse contato inicial é de suma importância para o desenvolvimento global da pessoa com deficiência.
 - Dentro de um contexto lúdico, da brincadeira, a gente acaba trabalhando o desenvolvimento global dessa criança, coisas que elas vão levar para a vida. E se no futuro elas quiserem se tornar atletas de bocha já vão ter esse conhecimento, e saberão que são capazes de praticar um esporte. Isso é muito precioso para a vida delas - explica Gilmara, acrescentando que os pais descobrem outras potencialidades nos filhos quando eles praticam esportes:
 - A prática da bocha adaptada é uma experiência que revigora a relação entre os pais e filhos. Quando as crianças chegam aqui e é dito aos pais que seus filhos vão fazer esporte, a reação deles é de questionamento, já que a princípio a procura é por atendimentos terapêuticos. Na cabeça deles, é a fisioterapia que vai resolver o 'problema'. Quando a gente começa a mostrar os vários benefícios que a prática da bocha pode trazer para crianças, esse panorama muda totalmente, e os pais passam a incentivar seus filhos a vir aos treinos.
A atividade com a bocha vem sendo realizada pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência desde que o órgão era apenas uma fundação. Em junho de 2011, o esporte de uma maneira geral como reabilitação recebeu novos investimentos, como compra de material, contratação e capacitação de profissionais. Com essas iniciativas e a dedicação e a seriedade dos praticantes, a evolução dos usuários veio com o passar dos anos. Com isso, além dos estímulos internos, como os Jogos Para desportivos - competição promovida anualmente pela Secretaria - os alunos que querem competir são inscritos em campeonatos externos, como o Campeonato Carioca de Bocha, no qual os usuários já garantiram três medalhas nas etapas de 2012 e 2013.
 Mais informações sobre as várias atividades que acontecem nos Centros Municipais de Referência da Pessoa com Deficiência podem ser obtidas no Núcleo de Atendimento à Família (Niaf), que funcionam em cada unidade. A unidade de Santa Cruz fica na Rua Felipe Cardoso, s/nº, e o telefone é 3395-0347.

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