: Ricardo Cassiano |
Parceria da Prefeitura do Rio com o Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB), o programa ‘Time Rio Paralímpico' fomenta desde 2012 o
surgimento de novos atletas de alto rendimento, buscando dar condições para que
os para-atletas que treinam na Cidade Maravilhosa aprimorem seu potencial. O ‘Time Rio' beneficia atletas com
deficiência visual e motora, que competem nas modalidades de atletismo,
natação, judô e canoagem. Atualmente, conta com 24 atletas que recebem uma
bolsa em dinheiro mensal, além de contar com uma equipe multidisciplinar
formada por treinadores e atletas-guia, para os atletas cegos. Os atletas têm
ainda o acompanhamento médico de fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.
A equipe de velocistas cegos treina na Vila Olímpica de
Jacarepaguá, que fica no Tinguá. Para o professor Fabio Dias, que atua desde
2003 como treinador e atleta-guia de velocistas cegos e de baixa visão, programas como este credenciam o país como
potência no cenário paraolímpico:
- Eu vejo o Brasil como uma potência paralímpica. A gente
conseguiu realizar um trabalho pontual, em atletas de alto nível e,
principalmente, um trabalho na base que faz toda a diferença. O advento das
paralimpíadas escolares foi um divisor de águas, justamente pela possibilidade
que essa competição nos deu de revelar novos atletas e, mais do que isso, de
ter um trabalho permanente com esses novos atletas.
Fabio cita como exemplo as para-atletas Jhulia Santos e
Alice Correia, velocistas cegas que vieram das competições escolares e hoje já
são medalhistas internacionais. As duas, que já despontam como prováveis
representantes do Brasil no pódio em 2016, fazem parte do ‘Time Rio'.
- Eu comecei com 10 anos no esporte. Já venci em várias
provas em outros estados e na Argentina, mas a Paralimpíada de 2016, aqui no
Rio, será um grande momento não só para mim, mas para todos os atletas da nossa
equipe - disse Alice.
Existem três categorias para os velocistas com deficiência
visual. A classe ‘T'11, onde compete Jhulia, são para para-atletas que não
possuemnenhum grau de visão. Na ‘T'12 competem os atletas que enxergam até uma
angulação de 15 graus em até dois metros, como Alice. E a classe ‘T'13 é para atletas com uma visão de 30 graus de
angulação para seis metros.
Entre as muitas conquistas de Jhulia está a medalha de
bronze no Mundial de Lyon, na França, conquistado em 2013. Para a atleta, o
atletismo também representa a possibilidade de ter uma autonomia financeira:
- Além de o atletismo ter me propiciado muitas alegrias e
vitórias, ele também é um meio que eu tenho de ajudar minha família. Minhas
conquistas começam nas pistas e se refletem na vida.
Outra figura importante no cotidiano dos para-atletas cegos
é o atleta guia, que corre ao lado dos competidores, orientando e auxiliando no
decorrer da corrida. Pela regra, o guia não pode impulsionar o para-atleta.
Jorge Augusto Pereira, ex-atleta velocista, é guia de Felipe Gomes, um dos
destaques do atletismo paralímpico. A possibilidade de guiar Felipe surgiu logo
depois que ele havia deixado de competir. Segundo Jorge, foi a forma que
encontrou de continuar fazendo o que mais gosta: correr.
Segundo Felipe, ha uma relação de companheirismo e troca
entre os dois, com a experiência do ex-atleta contribuindo para o desempenho
que conseguiu atingir nas pistas:
- O fato do meu guia
já ter sido um atleta, sem dúvida, ajuda muito. Nós, atletas cegos, quase sempre
temos dificuldade na parte postural. Então é muito bom, na hora da prova, ter
alguém que traz essa experiência, que sabe a melhor forma de posicionar o corpo
numa largada ou se as minhas passadas podem ser mais largas. Isso faz toda a
diferença.
O ‘Time Rio
Paralímpico' é um dos diversos programas realizados pela Prefeitura do Rio com
o propósito de promover a inclusão das pessoas com deficiências por intermédio
da atividade para-desportiva. Nas 20 vilas olímpicas da Secretaria Municipal de
Esporte e Lazer são desenvolvidos projetos e atividades culturais, recreativa e
de lazer, especialmente dirigidos para as pessoas com necessidades especiais.
Atualmente cerca de 1.800 pessoas, de todas as idades e com as mais diversas
deficiências, são beneficiadas.Medalhistas do Time Rio Paralímpico
Lançado em janeiro de 2012, o projeto "Time Rio
Paralímpico" logo mostrou resultado. Nos Jogos Paralímpicos de Londres, 16
dos 20 atletas do Time participaram da competição, garantido sete medalhas
entre as 43 conquistadas pelo Brasil: um ouro (Felipe Gomes), três pratas
(Lucas Prado (2) e Phelipe Rodrigues) e três bronzes (Felipe Gomes, Jhulia
Karol e Jonathan de Souza).
Com a melhor campanha paralímpica de todos os tempos (43
medalhas: 21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze), o Brasil ficou em 7º lugar no
ranking geral, cumprindo a meta determinada pelo CPB de ficar entre os sete
primeiros colocados. Na edição de Pequim 2008, o país ficou em 9º lugar.
Entre os atletas do Time estão outros medalhistas
paralímpicos, como a judoca Karla Cardoso (prata em Atenas 2004 e Pequim 2008);
Lucas Prado, do atletismo (três ouros em Pequim 2008 e duas pratas em Londres
2012); e a nadadora Edênia Garcia (prata em Atenas 2004 e Londres 2012 e bronze
em Pequim 2008). Além desses, são esperanças de medalhas nos Jogos do Rio os
atletas Willians Araújo (judoca), Caio Ribeiro (canoagem), Camille Rodrigues
(natação) e Jhúlia Karol (atletismo)
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