Cuidado com as ideias
que se tornam consenso. Elas podem está mofadas pelo comodismo
A
primeira consideração que quero fazer, neste texto, é que a abordagem que embasa esse artigo, é antipática porem
afetuosa. Trata-se de uma reflexão sobre a inclusão nesses tempos em que a
retorica inclusiva domina as falas de grande parte da sociedade como um ‘termo
sagrado’, uma palavra de ordem. que as
pessoas repetem sem saber direito o que real sentido e importância do processo
de valorização da cidadania de cerca de 24
milhões de pessoas .
nos
últimos anos a palavra ‘inclusão’ foi
posta em um altar por muitos de nós.
Como se a inclusão fosse algo que não precise ser compreendido e debatido, em
outras palavras, como se nós ’mestres da inclusão’ tivéssemos todas as
respostas sobre este processo.
Esse,
me parece ser o maior engano que estamos cometendo. Pois, como qualquer outro
processo social, a inclusão das pessoas com deferência precisa ser transformada
, ‘ tomar um solzinho’, e se renovar. O que lamento dizer , não acontece há muito
tempo.
A
Embora eu saiba que boa parte dos leitores já estejam preste a me xingar,
gostaria de pedir que me ouçam com um
pouco mais de paciência. É obvio que o processo inclusivo trouxe enormes
avanços para toda a sociedade, é evidente que a visão que a sociedade tem a
respeito das pessoas que apresentam ‘CERTOS TIPOS’ de deficiência mudou e vem
mudando nos últimos anos. É fato que hoje existem um numero cada vez maior de
alunos com necessidades especiais em
turmas regulares. -Uéh, então esse ‘PC’ está reclamando de que? Você
deve esta se perguntando.
É
justamente por saber de todas essas conquistas é que eu preciso te convidar a
ter uma percepção mais ampla sobre o que é, hoje, o processo de reconhecimento
das pessoas com deficiência, como agente ativo na sociedade brasileira . É por
isso que a gente não pode trancafiar esse assunto nas nossas certezas, naquilo
eu acho que é inclusão.
Um
dos significados do verbo ‘incluir’ é
‘colocar algo que está fora para dentro’. De modo que, se eu incluir uma pedra
num copo d’água , o máximo que pode acontecer são algumas gotas caírem, outras
serem realocadas e pronto. Nenhuma outra mudança acontece . eu não mudo a forma e , sobre tudo o cenário. A pedra, por sua vez , em geral, fica no fundo
do copo, sem incomodar ninguém.
Diante
dessa metáfora barata, de 1,99, a pergunta é: será que estamos reproduzindo uma
inclusão que está apenas coloca pedras
nos fundo de copos d’água ? Ou seja, que insere individuo com deficiência nas
escolas, no mercado de trabalho sem nos
preocupar em contextualizar a cidadania desse individuo nesse ambiente.
Quando
a gente eleva essa inclusão ao patamar de um processo de reconhecimento da
cidadania desse individuo , quando tornamos esse processo em algo que mude esse
quadro de aniquilação da possibilidade de aproximadamente 24 milhões de pessoas
que precisam ser incluídas , não como pedras, corpos imóveis em um meio indiferente a elas , mas sim , com
pessoas , cidadãos ativos na sociedade brasileira. Ai sim, estamos realizando
algo concreto e não apenas midiático , como infelizmente é a inclusão hoje.
Em
outras palavras: enquanto a sociedade não
compreender o reconhecimento da cidadania das pessoas com deficiência
como um assunto que de impõe um comprometimento
ético , moral de todos nós, enquanto a gente não achar IMORAL um Estado
que não dar as mínimas condições para alguém que esteja numa cadeira de rodas,
ou faça uso de muletas, ir e vim no espaço urbano, enquanto a gente não ficar
eticamente incomodados em saber que certas empresas empregam funcionários com
deficiência, apenas de forma formal, para cumprir a famosa cota de 10%¨.
Enquanto esses e muitos outros absurdos continuarem sendo aceitos por mim
‘Fabio’ , por você, Catarina, vamos continuar , comodamente incluindo pedras em
copos d’águas , será que é isso que queremos?
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