Dançando muito além do que os olhos podem ver

grupo de alunos com deficiência mostra, por meio da dança, que é possível superar limites e dá um novo tom a vida.  É essa a lição dos integrantes do curso de dança, das Oficinas de Artes do Instituto Helena Antipoff (IHA), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Educação. Direcionadas para maiores de 18 anos, as aulas acontecem no Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência – Ciad, que é parceiro do programa. As oficinas têm como objetivo desenvolver, a partir da exploração de linguagens artísticas de expressão, as habilidades corporais e sensoriais de pessoas com deficiência que acabam dando uma verdadeira aula de superação.

A professora de dança, Valéria de Assumpção, explica que durante as aulas são estimuladas percepções de domínio motor, como o equilíbrio, além de utilizar técnicas de relaxamento e de expressão corporal, a fim de possibilitar que a pessoa com deficiência tenha maior autonomia.

- O objetivo do trabalho de dança aqui é trabalhar a expressão criativa do aluno, o domínio motor e sua sociabilização, dentro das peculiaridades de cada deficiência. No grupo de deficientes visuais, eu trabalho a noção de espaço-temporal e de ritmo aliado a percepção tátil deles. Enfim, uma gama de fatores que acabam tendo influência direta na vida do aluno - explicou.

Segundo ela, o trabalho é focado nas peculiaridades de cada um, considerando suas aptidões, limitações e necessidades mesmo as aulas sendo em grupo. Valéria ressalta ainda que acima de tudo é valorizado as experiências culturais e sociais do aluno:

 - Quando esse aluno chega aqui, a gente começa um trabalho de conscientização corporal, aliado à improvisação, tendo em vista seu potencial, verificando a riqueza de movimentos e rítmica a ser valorizada. O aluno não chega vazio, ele tem um conteúdo de experienciais culturais. O trabalho busca aprimorar o movimento e a capacidade de cada um. Valorizar essa vivência é vital para o sucesso.

A dança, para Valéria, atua como elemento de transformação no modo como o aluno percebe o mundo ao redor e interagi com as outras pessoas, e, sobretudo, de como eles se veem no contexto social, familiar.

- A dança leva os alunos a ampliar suas possibilidades, tanto de autoconhecimento, quanto de inclusão social, por ser uma fonte de comunicação e expressão de sua relação com o mundo.

De acordo com a professora Mônica Muniz de Ruiz, que atua no programa há 10 anos, com o método Angel Vianna, a dança e a expressão corporal possibilitam o aluno a se redescobrir:

- O nosso trabalho mais do que ensinar o aluno a dançar é convidá-lo a descobrir sua potencialidade expressiva. Utilizamos a dança para proporcionar a experimentação e a liberdade de criação e de expressão desse aluno. A dança permite que o indivíduo manifeste sua integridade a partir da possibilidade infinita de expressão.

Para a aluna Marina Magalhães, que ficou cega há 10 anos após sofrer um descolamento de retina, a dança abriu um novo horizonte em sua vida:

- A dança faz parte da minha vida. Hoje trabalho com cerâmica e já escrevi dois livros de poesias e também peças teatrais. Antes trabalhava com moda, mas descobri dentro de mim outros talentos a florescer.

José Carlos de Araújo é outro aluno do curso que descobriu na dança a motivação para superar um glaucoma que há 18 anos o tirou totalmente a visão e a vontade de viver.

- Tenho a dança como combustível de alegria. Hoje venço os obstáculos com muita força e bom humor. Encontrei na dança a força que precisava para descobrir, dentro de mim mesmo, o sol de uma nova manhã. Aprendi uma nova forma de viver contou José.

As aulas de dança das Oficinas de Artes do Instituto Helena Antipoff acontecem de segunda à quinta-feira, de 8h às 12h e de 13h às 17h, no Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência – Ciad , que fica na Avenida Presidente Vargas nº 1997. Mais informações sobre o curso ou qualquer outra atividade das Oficinas de Artes do IHA/Ciad podem ser obtidas através do telefone: 2224-7704.



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