Durante a apresentação da minha monografia uma
professora que estava, na banca, avaliando meu trabalho de conclusão de curso,
que tinha como tema a imprensa e a deficiência- fez a seguinte pergunta: ‘o que
a gente ganha ao incluir essas pessoas na sociedade? Por mais tola que pareça a
pergunta, eu acredito que seja oportuno traze-la para esse texto- o primeiro de
2013- não para, simplesmente responder, dizendo que as relações sociais não se
justificam por meras trocas de perda e ganho. Ou que é claro que há todo um arcabouço
ético que me leva a crer que –eu e você- precisamos promover, ou no mínimo
respeitar, o direito do outro , de estar Inserido nas mesmas estruturas que eu
e você estamos.
A pergunta a ser feita é: ‘que tipo de inclusão que
estamos construindo?’ Qual é a consistência desse novo modo de ver essas
pessoas que, lembro a você, que ate bem
pouco tempo, eram simplesmente
trancafiados em manicômios , sanatório ou em instituições. Essas são as
questões que eu gostaria de pensar com
você nessa nossa conversa. Ser a favor da inclusão escolar, social, das pessoas
com deficiência, hoje em dia é obvio
que todos nós somos . Mas qual inclusão
que defendemos? Será que você
que tem na sua sala, aquele aluno que
não fala, não anda, mal consegue ficar sentado , o cara só ri , de que ,
você ate hoje não sabe. Será quando você faz com que esse aluno participe de
uma atividade na turma, você entende a mudança que isso promove não apenas na
vida dele, mas sobretudo nas existências
de todos os alunos daquela classe?
O desafio que se colocar diante de nós é o de
estabelecer elos e pontes que possibilitem as pessoas com deficiências
existirem na vida da escola, do mercado de trabalho, no cotidiano das demais
pessoas. Só que esse processo inclusivo tem conflitos que teremos que resolver.
Lembro que até a década de 80, a deficiência era uma questão tratada em
consultório medico, as mães de crianças especiais ‘aprendiam a lidar’ com seus
próprios filhos, com a ajuda de assistentes sociais. percebam que ate a pouco mais de 30 anos atrás era um
transtorno ter um filho com deficiência. Como é hoje, para muitos professores
ter, esse mesmo individuo com aluno.’
Por isso que a inclusão das pessoas com deficiência
não pode ser tratada superficialmente , como uma questão de ‘marketing social’,
embora os meios de comunicação devam sim participar desse processo, mas não
para anestesiar os conflitos que teremos que resolver. Inserir esse individuo nas salas de aulas
demanda conflitos sim, é desconcertante sim, e não será fácil , nem pode ser .
quem vende a ideia que esse processo pode ser facilitado, mente, porque a
presença desse aluno que não anda, não fala , baba, na minha classe, me
impõe mudar o jeito que eu vejo o outro.
E essa mudança incomoda , perturba, me desloca das minhas certezas.
Não digo , com esse meu argumento, que a temática da inclusão
deva ser levado como um ‘fardo’. A questão não é essa , mas percebo que há um ‘oba
oba’ que além de desfocar o assunto , cria um cenário de fim de novela: em que ‘tudo
acaba dando certo’. Algo bem longe da realidade de 24 mil brasileiros. Esses
que não aparecem na tv , tem questões básicas: como subir num ônibus numa
cadeira de rodas ... coisas bem concretas
que, estamos longe de resolver.
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