Eu tenho acompanhado um movimento muito interessante de reconhecimento das pessoas com deficiência na dramaturgia. O número de filmes, peças de teatro e até mesmo documentários que trazem novas visões e jogam luz sobre a temática inclusiva é crescente. No meio do ano passado, entrevistei, no programa "Papo Cabeça com Pé", a autora Julia Spadaccini, que escreveu uma interessante peça chamada "Meu Corpo Está Aqui", que aborda a temática da sexualidade no cenário das pessoas com deficiência.
Recentemente, assisti ao curta "Arthur e o Infinito - Um Olhar Sobre o Autismo", dirigido por Julia Rufino Garcia. Além do primeiro nome, as duas não têm nada em comum. Julia Spadaccini é surda e, aparentemente, teria o chamado "lugar de fala", uma expressão que considero equivocada. Já Julia Garcia não apresenta qualquer deficiência. É justamente das perspectivas culturais efetivamente inclusivas que nascerá um tear cultural que se cruza em cenas que, de fato, possam trazer as pessoas com deficiências para o centro da cena.
O que me parece ser mais importante, na minha visão, além da
visibilidade que essas duas obras trazem ao tema do reconhecimento social de
mais de 24 milhões de pessoas que sempre viveram à margem do fazer cultural, é
a possibilidade de que essa vinda à cena seja por falas culturais de pessoas
com e sem deficiência. Isso é precioso. Eu, que sou autor de teatro desde 1998,
época em que a palavra "inclusão" não era nem ouvida, estou adorando
dividir o palco com tantas outras vozes. Bem-vindas!
assista o curta
https://www.youtube.com/watch?v=33Fv3_0s0rE&t=62s
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