Todos em cena

O teatro e a ressignificação da pessoa com deficiência na sociedade

Cena da esquet primavera, com a jovem Daniela Barbosa 

Sobre um olhar mais profundo a respeito da função do teatro no processo civilizatório percebe-se que o oficio teatral tem o poder de trazer para o palco o que temos de mais humano. O elemento humano é a essência de toda representação teatral . essa base humana é o que faz com que o teatro , como manifestação cultural seja eterno e imprescindível à nossa compreensão , de nós mesmos e do outro. Podemos então elaborar uma relação intensa entre a manifestação teatral e a inclusão da pessoa com deficiência . essa relação pode, e vem produzindo frutos numa mais efetiva participação das pessoas com necessidades especiais na cena teatral.

Como autor de uma das primeiras peças de teatro a retratar a temática da inclusão das pessoas com deficiência no contexto educacional – o menino que falava com os pês - e mentor da oficina de teatro inclusivo arte viva, tenho a clara convicção de que a presença da pessoa com necessidades especiais na cena cultural e, sobretudo no ambiente da representação teatral é um fator de extrema importância para a mudança de paradigma em relação a esse segmento da sociedade brasileira. O teatro inclusivo, um movimento a que venho me dedicando desde a década de 90 é um vetor de mudança sociais profundas, no sentido de alargamos o nosso olhar para a diversidade humana.

É preciso valorizar a inclusão cultural das pessoas com deficiência como uma possibilidade de trazer novas vozes, novos olhares , novos significados a respeito do que seja ‘o ser humano’. Como dizia Augusto Boal: ‘nós ainda não somos seres humanos completos ,  a gente ainda está na pré-humanidade.’ Eu creio que somente alcançaremos a essa plenitude da nossa humanidade, a que o Boal se refere, a partir do momento em que  estamos todos em cena. Por isso , todo teatro é inclusivo.