Pensar uma escola inclusiva é conceber uma sociedade para além das diferenças


Eu acredito que um ponto de partida interessante para essa nossa conversa, com profissionais que tem a incumbência de pensar a temática inclusiva educacional, de forma um pouco mais ampla, estrábica, que tentamos aprofundar  um pouco  sentido que deva ter o processo de inclusão sócio escolar das pessoas com necessidades especiais, que estamos construindo . A gente tende a ter uma visão muito estreita sobre o que deva ser uma escola inclusiva. Muitas vezes, a gente imagina que essa escola, que chamamos de inclusiva, se concretiza apenas quando há uma estrutura arquitetônica acessível – rampas , pisos com auto relevo, para orientação das pessoas cegas etc.- ou também pensamos pensar que nessa ‘escola inclusiva’ deva está recursos tecnológicos de comunicação alternativa.
Muito embora todo esse aparato seja importante para que esse aluno possa estar , de fato , inserido e atuante em seu ambiente escolar. Nessa noite, eu quero refletir , com você sobre uma esfera do processo inclusivo , que muitas vezes nos passa desapercebida.  a possibilidade que essa Escola tem de conceber um novo paradigma de convivência social entre indivíduos com e sem necessidades especiais. Esse me parece ser o grande desafio quando  falamos em uma ‘Educação’ efetivamente compromissada com o reconhecimento do individuo com necessidades especiais como alguém presente, atuante, inserido numa sociedade que por milênio simplesmente anulou a existência dessas pessoas.

Escola inclusiva X mudança ética em relação as diferenças    

Como sabemos, historicamente, a escola foi , e continua sendo em muitos casos, o espaço excludente , onde se imagina a convivência humana não a partir da diversidade , mas da imposição de uma homogeneidade que, ainda bem , cada vez mais torna-se obsoleta . O legado do processo inclusivo, que nasce na década de 90, e vem se consolidando, um prova dessa consolidação é esse nosso encontro hoje, é, justamente quebrar essa ótica excludente que sempre existiu no espaço da escola e,  inserir uma nova ótica ética de convivência humana. É essa inclusão a qual devemos promover e, sobretudo, torna real, não apenas as exterioridades da escola, mas sim, no espaço ético, das relações humanas.
A escola inclusiva precisa ser  um espaço onde é gestada uma sociedade inclusiva. Por isso, o debate da inclusão tem que passar, necessariamente, pelo o tipo de sociedade que queremos ser. Pela definição ética , cultural e social, que pretendemos construir a partir dessa escola que se atreve a quebrar um padrão  estabelecido , em que o individuo com deficiência era simplesmente trancafiado no lado de fora da existência. Quando a gente adquiri essa consciência de que o processo inclusivo de alunos com necessidades especiais não é um ‘jeitinho’ que a gente tem dá para aula para aquele aluno que foge aos padrões de normalidade , mas sim uma mudança ética que gera compromisso com os alunos, que estão hoje nas nossas salas de aulas, a gente passa a ter um sentido para o processo de inserção da pessoa com deficiência na sociedade. 
A inclusão escolar é uma das facetas da maior amplitude nesse processo. Entretanto ela não se conclui quando conseguimos colocar na mesma escola aluno com e sem deficiência – por mais importante que seja esse passo – ele é apenas o primeiro de um processo ético e humano que nasce na escola e continua em cada um de nós.

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