Professora com poliomielite usa a literatura para promover a autoestima de alunos com tendência ao suicídio
Quem não teve uma professora preferida? Para os alunos da Escola
Municipal Augusto Severo que fica no Município de Parnamirim, no Rio
Grande do Norte, a professora Yoana Nunes, é uma inspiração para escrever historias
de vidas em que o amor ao próximo e o
entusiasmo pela vida sejam os elementos fundamentais. A jovem educadora formada em Literatura e
língua portuguesa, teve poliomielite na infância. Yoana caminha com auxilio de muletas.
Mas, é com sua sensibilidade, que a professora ajuda seus alunos, adolescentes,
a encontrar novas motivações para viver.
A jovem professora , que também é para-atleta, trabalha desde 2013 na sala de leitura da escola do segundo período do ensino básico,
com alunos e alunas com suscetibilidade ao suicídio e, a automutilação, a se reencontrar com a alegria e com
entusiasmo pela vida. Apesar de ainda ser um assunto tabu , o suicídio de adolescentes
é um problema que preocupa autoridades de saúde de todo mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que
o número de adolescentes que atentam contra a própria vida vem subindo de forma
assustadora. Somente no Brasil, o índice de crescimento de casos de suicídio na
faixa etária de 10 a 14 anos aumentou 40% em dez anos. Já entre os adolescentes
entre os 15 e 19 anos, essa evolução de mortes por suicídio é de 33,5%. Essa
triste realidade preocupa educadores de todo o país.
Yoana Nunes relata
que começou a preocupar com o problema há cerca de três anos, quando uma aluna,
que na época tinha 13 anos, a procurou para dizer que começava a desenvolver um
comportamento automutilação , o que afligiu a educadora.-‘Na verdade, eu fui
procurada por uma aluna que tinha comportamento de automutilação e suscetível
ao suicídio, e ao longo da nossa conversa ela me disse que outros colegas,
dessa aluna também tinham esse comportamento.' Diz a professora.
A partir disso a
educadora começou a utilizar a literatura e a música para construir um canal de
interação com esses jovens
‘muitas vezes os pais se preocupam mais em oferecer bens
materiais do que propriamente dedicar atenção aos seus filhos. ‘As atividade
que desenvolvemos , com esses alunos, é a partir da literatura e da musica. eu procuro usar a
literatura para abordar temas que são bem particulares da idades deles e
através dessa conversa , eu procuro fazer com esse alunos fale sobre si, sobre
as questões que os preocupam.’ Relata ela.
A professora faz questão de ressaltar que, tanto a escola
como as famílias desses alunos , precisam estar juntos para que essas se sintam de fato acolhidas . para ela a escola precisa
ser esse espaço de reconhecimento desse , e de muitos outros problemas que
perpassam a realidade dos adolescentes e, acima de tudo, de fortalecimento dos
laços de afetividades dessas famílias.
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A escola precisa encontrar uma maneira de acolher, de
envolver a família. Não é fácil e sei das tentativas da escola em que trabalho,
mas tem que haver um jeito de Trabalhar junto a esses alunos, em especial, os
alunos com esse tipo de comportamento. Convocar os pais para palestras e
dinâmicas com temas transversais. Mostrar exemplos de famílias que acompanham o
desempenho e comportamento dos seus filhos na escola. Mostrando também, o
resultado de não acompanhar os jovens, numa fase tão crítica, na qual eles
precisam tanto do apoio da família.‘ Afirma ela.
Em um momento em que a educação brasileira sofre tantos atos,
que beiram a insanidade , o exemplo da professora Yoana Nunes, diz muito sobre a
importância de valorizar o espaço da escola como um ambiente vital para uma
sociedade sadia.
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