fonte Marlucia |
A cultura é o mais
importante instrumento de promoção do que se convencionou chamar ‘lugar de
fala’, sobretudo quando nos referimos a segmentos que vivenciam relações de
exclusão social. quando somos atuantes , no cenário cultural do país, tomamos
posse do poder de dizer quem somos, o que pensamos e como queremos interagir
com os outros segmentos sociais. O protagonismo cultural é a condição singular
para que os segmentos sociais, no cenário de pluralismo sociológico, interajam
de forma sadia. Nesse contexto, As pessoas com deficiência, são um dos grupos
sociais que, até hoje, menos exerce o protagonismo social. Ainda se tem uma
visão extremamente preconceituosa das pessoas com deficiência. No cenário
cultural poucos são os espaços para a expressão cultural das pessoas com
deficiência.
A pedagoga,
psicomotricista e produtora Marlucia Farias, atua no movimento de afirmação
cultural das pessoas com deficiência. Atualmente ela é diretora e produtora do
grupo de teatro Cultura Inclusão e Arte, o CInArte, além de ser terapeuta
pedagógica do centro municipal de referência da pessoa com deficiência de Vila
Isabel. Marlúcia começa nossa conversa ressaltando a importância da inclusão
das pessoas com deficiência no ambiente cultural, como instrumento do
reconhecimento do protagonismo sociocultural das pessoas com necessidades especiais,
ela pensa que a atuação cultural do indivíduo com deficiência precisa ser vista
como o magma da inclusão social dessas pessoas. A professora pensa que a
valorização cultural dos alunos com necessidades especiais precisa estar
presente, até mesmo, no contexto da inclusão escolar desses alunos. ‘Na minha
opinião, as escolas deveriam ter no planejamento curricular desde a primeira
série o teatro como disciplina curricular, com profissionais capacitados para
atender os alunos com deficiência, para que esses possam dizer algo através da
arte de atuar. ‘afirma ela.
Marlucia lembra que
o começo do seu trabalho com alunos especiais teve início no Instituto nacional
de surdos, ela, que já era produtora cultural percebeu que aquele segmento da
sociedade ficava de fora da cena cultural, a partir daí a vida profissional de
Marlucia ganhou um novo rumo. ‘Quando iniciei com meu grupo no teatro
inclusivo, já tinha uma bagagem na cultura e na educação. Sou pedagoga. fui
professora de Libras, língua brasileira de sinais, a minha trajetória no INES,
onde tive a oportunidade de lidar com jovens e crianças surdos, percebi neles
uma carência muito grande de oportunidades na cultura dentro da limitação de
cada um.’ Lembra ela.
A produtora lembra
que já realiza trabalhos com atores com necessidades especiais há dez anos. ela
conta que em 2013 Produziu o longa metragem "Entre Amores", que
aborda a história de um casal com síndrome de down, e uma jovem paraplégica,
Marlúcia reflete que infelizmente não há, no cenário cultural espaço para
produções que representem questões presentes no cotidiano das pessoas com
deficiência. ‘Infelizmente o Brasil não está preparado para o público de
deficientes para acontecer a tão esperada inclusão.’
É inevitável que as
pessoas que atuam na área cultural tragam a razão de ser do seu trabalho para a
sua vida pessoal. Pensando nisso, eu perguntei a produtora cultural Marlúcia Farias
o que é, para ela, produzir cultura a partir do olhar da inclusão? e é com a
resposta dela que concluo meu texto. ‘É mostrar o quanto o amor, é capaz de
transformar vidas através da arte.’ Conclui ela.
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