A palavra ‘deficiência’ é comumente relacionada a algumas outras palavras que são muito interessantes no atual contexto das relações sociais e políticas: Incapacidade, cegueira, demência... alguém deficiente é, em última análise, alguém ‘incapaz, cego. Tais termos , que alguém como eu , que tem paralisia cerebral convive corriqueiramente, servirem para uma reflexão sobre o atual cenário sociológico nacional. essas palavras que se associam ao termo ‘deficiente’ ou deficiência, nos arroga uma análise sobre em quem estamos nos tornando.
A demência da cidadania é algo visível a olho nu no cenário
político brasileiro. Que eficiência mental há em um país, constitucionalmente
fundamentado no princípio laico do estado, da separação do credo , da religião,
e até mesmo da IDEIA que Deus existe ou não, da eleição de um candidato a
presidência da república que tem como lema de campanha ‘Deus a cima de tudo’,
como assim? Deus estar a cima de tudo? E, de que, ou de
quem ‘Deus’ está a cima. Essa simples frase de campanha expõe uma atrofia
politica que nos condiciona ao modo de vida medieval em que os Reis eram içados
ao poder , não pelos conflitos , as cólicas, tão pouco pela vontade da maioria-
constituídas pelo debates das suas classes, mas sim por uma ‘unção’ soberana ,
no caso dos Impérios pré-reforma protestante , pelos Papas católicos. E no caso
do atual ocupante do palácio do planalto de um pastor evangélico. Se me permite
uma piada, eu diria que até nisso regredimos
O que esse cenário socio politico deflaga uma atrofia
sociológica que , afeta e é consequente , da ação de toda sociedade , aqui mora
o nervo medular lesionado que quadriplégica o nosso movimento no sentido numa
sociedade de direito. Ao colocamos o fazer politico numa esfera mítica nós
tornamos dementes na nossa atitude como cidadãos . e isso não é tão singelo e
tem sim , consequências. Está aqui o ponto que eu gostaria de lançar sobre a
pauta. Há, no meu ver uma síndrome aguda e severa, que fica travestida com uma
capa muito perigosa. Quando ‘nós’ sociedade permitimos que um candidato a governador de Estado , vandalize um placa
de uma rua publica, e o elegemos , nós assumimos uma certa cumplicidade quando
esse , agora já governador manda atirar na cabecinha ou quando a polícia
comandada por esse mesmo governante mata, assassina, crianças. Esse ‘deficiente
coletivo’ que nos tornamos levou a eleição do pior da espécie humana. ‘animais’
que não poderiam nem conviver em sociedade , quando mais chefiar um estado.
Sempre quando tiramos o debate politico do lugar que ele
precisa estar regredimos como seres sociais e como civilização . é, justamente
o que estamos vivendo no mundo e , mais particularmente no Brasil. Fica aqui um
cutucão nas consciências que ainda não estão atrofiadas por um sistema politico
que pode representar a anencefalia da cidadania brasileira. É bom ficar atento,
depois não digam que o ‘pc’ não avisou .
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